A VIDA É SEMPRE DURA
"} José ( Josef ) desembarcou do Cargueiro no Porto fluvial do Douro. Uma mulher descalça carregou à cabeça o seu caixote e transportou na mão a sua mala. Olhando o bairro miserável de onde vinham a correr crianças, nuas da cinta para baixo, de olhos encovados, estendendo as mãos para uma esmola, ... {". »" Ilse Losa - SOB CÉUS ESTRANHOS «" Ao lêr o texto descrito, logo a memória me fez recuar há década de 40 e 50, mais precisamente ao período dos 9 aos 15 anos. Nessa altura, vivi numa casa de uma rua transversal à marginal do rio Douro, mas na margem contrária ( Vila Nova de Gaia ) e, infelizmente e com muita mágoa posso testemunhar o descrito no livro de " Ilse Losa ". Só o recordar arrepia. Ficou na retina a visão de muitas e muitas situações dolorosas e iguais ou parecidas. Como era possível existir tal e tanta miséria e pobreza. Mas era verdade. Sempre que aparecia pela beira rio um estrangeiro ( turista ou embarcadiço ), de imediato acorriam os " catraios " descalços, de mão estendida a pedir esmola e dizendo: " camone, camone ". E porquê? Porque os estrangeiros compadecidos com essas situações de miséria, normalmente diziam para os ajudar: " come on ". Outro quadro duro e chocante eram as mulheres descalças, mesmo no inverno, a descarregar e transportar, dos Cargueiros e Barcos Rebelos para os armazens ou destinatários, à cabeça, com uma rodilha de trapos para a proteger e melhor equilibrar, enormes cestos com carvão, garrafas, castanhas e ... Algumas famílias se dedicavam a essas tarefas, mas havia uma cujo nome jamais esqueci: "as CRIVEIRAS". Outros tempos e práticas. Felizmente que foram sendo eliminadas e substituidas pelo avanço da tecnologia. Novos métodos e conceitos foram introduzidos, como tambem e até certo ponto a miséria, se não foi erradicada, pelo menos foi muito atenuada. A implementação da Segurança e do Sistema Social, a par da evolução da educação e do alterar do modo de estar na vida, solucionaram em parte a situação. Mas cuidado, o quadro e a vida actual estão a ameaçar o regresso da miséria. Voltou a preocupação, e de que maneira. E porquê? Quem assume a responsabilidade? Torna-se necessária muita capacidade e audácia para não deixar que o sentido de marcha seja invertido. Resvalar para trás, nunca, jamais. O Mundo não pode nem poderá ser só para os "») espertos e oportunistas («". |
0 Comments:
Post a Comment
<< Home